Era apenas uma rosa. Uma rosa qualquer - uma rosa em meio a um jardim composto apenas por rosas. Eram rosas até onde a minha vista podia alcançar. Rosas vermelhas, rosas cor-de-rosa, rosas amarelas, rosas laranjas, rosas brancas, rosas azuis... Eram rosas de todas as cores, rosas para todos os gostos.
Uma coisa era inegável: Todas elas eram lindas. Lindas como apenas as rosas sabem ser. Todas elas exalavam os mais deliciosos perfumes, todas elas atraíam os olhares de qualquer um que por ali passasse. Menos o meu. Sim, elas eram belas... Sim, eram absolutamente encantadoras.
Mas eram rosas.
Todas elas eram iguais. Para cada rosa avistada, era possível encontrar mais algumas centenas com a mesma cor, a mesma fragrância apenas olhando ao redor. Por mais belas que fossem, aquelas rosas não me atraíam - eu queria uma rosa diferente.
Por dias e noites infindáveis, perambulei incansavelmente por aquele jardim, buscando aquela rosa. Mas por mais que buscasse, não a encontrava. Tudo parecia sempre igual - sempre a mesma perfeição pálida. Os espinhos arranhavam o meu corpo, os meus olhos ameaçavam se render ao cansaço, minha mente beirava a desistência.
Foi então que eu a avistei: Suas pétalas eram negras como a noite e macias como veludo. Seu cheiro era intenso, lento, forte, contagiante - diferente das fragrâncias suaves de todas as outras rosas. E pela sua superfície suave de revolta, uma única gota escorria: Uma gota vermelha. Uma gota de sangue. Era como se ela estivesse sempre chorando, eternamente ferida.
Exatamente como eu.
E foi então que eu entendi que aquela era a minha rosa. A rosa ideal para mim. A única capaz de despertar em meu peito algo mais que um leve aquecer. A única capaz de me enlouquecer, de me encantar, de me conquistar. E percebi que eu só não a tinha encontrado antes para aprender a dar-lhe o devido valor - aquele valor que não está na recompensa, mas na busca.
Aquele valor comumente chamado de amor.