Vamos contar uma história, sim? Uma história de amor. Mas estou cansada dessas histórias de amor tradicionais, românticas, lindas, perfeitas... E sem um pingo de realidade. Quero uma história real, que possa acontecer com qualquer um... E que normalmente aconteça. Uma história sem destino conspirando para que o mocinho e mocinha acabem juntos. Uma história sem vilões irreais. Uma história sem ocasiões impossíveis.
Quero uma história de amor real. Por mais impossível que isso possa parecer. Vamos, então, tentar construi-la.
Sem era uma vez. Era uma vez é algo muito velho, batido, sempre introduz contos de fadas... Que também, infelizmente, não podem ser considerados um exemplo de realidade. Digo isso como a garota que passou preciosos anos da vida esperando que o príncipe encantado aparecesse montando em um cavalo branco e se decepcionou ao perceber que não apareceu nem um bobo da corte montado em um jegue.
O jornal aberto repousava com tranquilidade em seu jeans claro, mais um crime estampado em suas páginas. Assassinato? Sequestro? Assalto? Ela não sabia dizer, sua cabeça tombada para o lado, os olhos cerrados, a respiração tranquila. Dormia, recuperando o sono que não pudera ter à noite.
Barulho. Confusão. Gritos... Comemoração? Um tapa em seu ombro. Ela abriu os olhos, aturdida, levantando-se de um salto do banco e deixando o jornal escorregar do seu colo até parar na calçada suja sob seus pés. O ônibus chegara. Ajeitou rapidamente a alça da mochila em seu ombro e adiantou-se, esperando a sua vez de adentrar o veículo.
Caminhou sem pressa até um banco qualquer, sentando-se perto da janela e deixando o olhar perder-se na paisagem. Uma bela paisagem? Não. Desconhecida? De modo algum. Era quase a mesma paisagem que ela via da janela do seu quarto. Era a mesma coisa que ela via todos os dias, não importando onde estivesse: Prédios altos e acinzentados, o céu escondido sob uma densa nuvem escura, as calçadas sujas. Mulheres caminhavam rapidamente, puxando crianças pequenas pelas mãozinhas para que se apressassem. Carros passavam a toda velocidade, dirigidos por homens e mulheres de ternos e gravatas, atrasados para mais alguma importante reunião.
Não era nada novo. Não era nada importante. Não era nada que que gostaria de ver. Soltou um suspiro profundo que embaçou o vidro onde ela apoiava a cabeça. Ignorou. Ergueu as mãos e coçou os olhos, finalmente voltando o olhar para os outros assentos do ônibus e seus ocupantes. Estava cheio, como todas as manhãs. Buscou rostos conhecidos ou interessantes, como fazia todos os dias... Gostava de imaginar de onde vinham aquelas pessoas, o que faziam da vida, quais os seus nomes, se tinham famílias. Não sabia porquê, apenas gostava.
Encontrou um senhor sentado um pouco a frente. Ele estava ali todos os dias, assim como ela. Mesmo assim, nunca haviam conversado. Era esse o mundo onde eles viviam, um mundo onde vizinhos podiam não se conhecer, pessoas que se viam todos os dias podiam nunca ter parado para dizer um mero "Bom dia".
Outra senhora que também via todos os dias lhe acenou brevemente do outro lado do veículo. Ela retribuiu o aceno, dando-lhe também um sorriso gentil. Haviam conversado umas duas vezes e a senhora era bastante simpática. Hoje, no entanto, parecia completamente absorta em uma conversa com um jovem que ela nunca vira ali antes. Deveria ter pouco mais que a sua idade, mas a expressão cansada lhe dava um ar mais velho.
Continuou a correr o olhar pelo ônibus até que olhos atentos encontraram os seus e os prenderam. Não era como se houvesse algo demais naquele olhar, algo inusitado, algo que ela jamais vira... Não. Era igual a todos os outros. Olhos comuns, de uma cor comum, com um brilho cansado, mas ao mesmo tempo esperançoso, absolutamente normal. Seus cabelos também não eram esquisitos, coloridos... Eram normais. Assim como seu rosto, de um formato bonito, mas encontrado em tantas outras pessoas. Era um rosto bonito, com olhos bonitos, lábios bonitos, nariz bonito, cabelos bonitos... E comuns.
A única coisa que realmente prendeu a sua atenção foi o sorriso. Seus dentes não eram os mais brancos e eram ligeiramente tortos, cobertos por um aparelho de uma cor suave. Mas ali estava ele, o mais importante, o mais incrível: O sorriso. Um sorriso que iluminava todo o seu rosto, tornando-o mais bonito, fascinante, e transmitindo um brilho alegre aos seus olhos.
Ela sorriu de volta com facilidade, quase como se aquele sorriso estivesse o tempo inteiro esperando para sair. Há quanto tempo não encontrava uma pessoa como aquela? Alguém que, mesmo sem conhecê-la, lhe dirigisse um sorriso simpático, sincero... Um sorriso interessado. Um sorriso de alguém que gostaria de sentar ao seu lado e ouvi-la. Alguém que talvez, e apenas talvez, pudesse lhe dar um ombro para chorar e um abraço reconfortante. O sorriso dele se alargou, transformando-se em um risada baixa. Ela também riu. Como era fácil rir com ele.
Mesmo que não tivessem trocado uma palavra.
O ônibus parou com um solavanco, fazendo com que o seu corpo fosse arremessado em direção ao assento da frente. Colocou as mãos na frente do rosto para protegê-lo do impacto, sentindo as palmas das suas mãos arderem. Assim que recuperou-se do susto, voltou o olhar para o garoto... Mas onde estava ele?
Correu os olhos por todo o veículo, sem conseguir encontrá-lo. Por um instante, cogitou a possibilidade de ter cochilado e imaginado toda a cena, a troca de olhares, os sorriso cúmplices, as risadas sinceras. Teria ela sonhado? Desviou o olhar para a janela, encontrando, com surpresa, os mesmos olhos que vira apenas alguns minutos atrás...
Seu sorriso, no entanto, era diferente. Quase triste, ligeiramente culpado, como se não quisesse ir embora. Era, no entanto, necessário. Deu de ombros, acenando brevemente com uma das mãos, a outra segurando a alça da mochila que pendia de forma despreocupada do seu ombro. Lançou-lhe um último olhar por cima do ombro e afastou-se ao mesmo tempo em que o ônibus voltava a acelerar.
E lá se fora ele, o único sorriso sincero que ela fora capaz de encontrar naquela fria selva de pedra.
Talvez o final não seja o mais feliz, mas não é o que acontece? Amores vem e vão. Talvez nem sempre em um ponto de ônibus, mas nunca se sabe... O amor pode estar esperando em qualquer lugar. O adeus também. Essa é a realidade que todos insistem em não querer ver. O mesmo vento que traz o "olá", traz o "adeus". O importante não é desejar que seja eterno, é fazer com que seja infinito enquanto durar.
5 sorriso(s) a mais no meu rosto :D':
Aaaanny *-* Tá, acabo de destruir completamente seu nick.rs ;D como sempre, histórias perfeitas e poéticas *-* TEM alguma magia, msm sendo... real =D Super fofo o blog e o primeiro post. Só uma pergunta óbvia... pq é azul? ;) Espero resposta. kkk' beijinhos ;*
p.s.: weee, ela usou o apelido q eu boteei *-* [/nada-surtada-bgos;*
Hey Blue Girl, estou esperando a respostaa... A cada 5 minutos eu comento aqui atéé você responder =D lembrando que estamos de férias e não tenho mais nada de útil pra fazer da vida, amore. bgosmeliga;*
Nossa, você consegue ser REALMENTE irritante quando quer, hein, baixinha? ><' Não é pra menor que você é considerada a Alice do quarteto. ¬¬ Obrigaaada, pelo comentário, que bom que gostou da história e do blog! *-* Fiquei feliz. :D E eu neeem imagino porque é azul... Sei lá, é que eu gosto muito de azul. ;) bgosnãoligoporquetôsemcrédito :*
Sei que vc gosta de azul... claro, irritar é o meu trabalho por aqui =D bgos;*
p.s.: relax, esse eh o ultimo comentario NESSE POST,prometo =D
ta muuito fofo, ameei *-*
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