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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um mundo mais azul.


Ela era pequena, com a pele ligeiramente clara. Suas feições eram delicadas como a brisa branda de uma manhã de primavera e faziam-me pensar em uma criatura mítica - uma fada, talvez, ou o mais belo anjo.

Seus cabelos negros e longos - chegando até quase a sua cintura - possuíam uma mecha azul longa, que terminava ramificando-se e colorindo suas pontas com aquele mesmo tom alegre, e emolduravam com perfeição o seu rosto.

Seus olhos eram castanhos e intensos, profundos e brilhantes, donos de uma alegria sincera e quase palpável. Seus lábios eram cheios e rosados e as maçãs do seu rosto estavam ligeiramente avermelhadas, dando-lhe um ar um tanto meigo e infantil.

Em seus pulsos, apenas algumas pulseiras de contas ou de tecidos coloridos trançados - simples, mas indescritivelmente lindas... Exatamente como ela.

Um sorriso doce brincava em seus lábios, que curvavam-se com perfeição inigualável, fazendo-me pensar em uma criança - pequena e encantadora. E ela era linda - provavelmente a garota mais linda que eu já vira em toda a minha vida.

Movia-se com a leveza de um sopro de vento e a alegria de uma explosão de cores... Sabia que, se ela deixasse um rastro visível no ar por onde passasse, esse rastro seria como o pequeno arco-íris que se forma quando um raio de luz atravessa um cristal.

Seu perfume era uma atração à parte - sutil, quase imperceptível para alguém que não estivesse prestando atenção. E, ao mesmo tempo, era intenso, indefinível, viciante, inigualável. O melhor cheiro que eu já tivera o prazer de sentir - a mistura da fragrância de todas as flores existentes.

Ela estendeu a mão em minha direção, segurando ternamente as pontas dos meus dedos entre os seus. O toque emitiu uma descarga elétrica por todo o meu corpo. Sua pele quente e macia fazia a minha pele queimar enquanto a tocava com delicadeza e puxava-me docemente para mais perto.

Não apresentei qualquer resistência, apenas deixando-me levar. Sabia que tinha pouco tempo... Era, infelizmente, apenas mais uma das noites em que você insistia em invadir os meus sonhos... Você e o seu sorriso de criança, seu olha sincero e seu inconfundível cabelo azul.

-x-

Meninas, muito obrigada mais uma vez pelos comentários lindos de vocês! *-*' Ganho o dia lendo isso. Agora só posso aparecer aqui nos finais de semana e algumas quartas/sextas. Os outros dias andam corridos demais. ;X' Marcela, queria agradecer pela crítica construtiva e pelos elogios. ^^' Vou tentar diminuir os posts. :D' E quanto a essa sensação... Só espero que o tempo torne suportável. :/' [Tenho que fazer isso: HAAAAAAAAAAAAAAAAA! A Marcela comentou no meu blog! *-*' *morri* Pronto, parei de surtar. ;X'] Jenny, bem-vinda e muito obrigada pelo carinho! :D' beijos e até a próxima! ;*' [PS.: A foto é da MariMoon, mas o texto não foi escrito pra ela e o blog não tem esse nome por causa dela, okay?]

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Vazio.


Aquele gosto ainda estava impregnado em meus lábios - doce, lento e intenso, preenchendo cada espaço da minha boca, envolvendo minha língua e deslizando pela minha garganta. Chocolate quente com menta... Com um fundo de algo ainda mais doce, mas indefinível. Aquele gosto que eu provara uma única vez e jamais abandonara os meus lábios.

Aquele cheiro parecia preso à minha memoria, vivo em meus pensamentos, mais nítido a cada segundo que se arrastava. Um perfume não tão barato, lembrança de uma viagem não tão longa e compensação por um tempo não tão curto em que não estive presente. O cheiro que eu não voltara a sentir, mas que ainda vivia em mim.

E cada cena, cada detalhe mínusculo daquele momento parecia se desenrolar diante dos meus olhos em câmera lenta. Eu ainda podia ver tudo como se houvesse ocorrido há apenas cinco minutos. Fazia mesmo tanto tempo assim? Seria tempo demais?

Meu coração batia dolorosamente rápido em meu peito e eu já não sabia como respirar: O ar não alcançava os meus pulmões e o mundo parecia girar ao meu redor... Rápido demais para que eu pudesse acompanhá-lo.

Eu sentia a superfícia lisa sob o meu corpo, a minha pele quente tremendo em contato com o chão gélido, as gotas de suor escorrendo lentamente pela minha testa, frio e calor tornando-se um só. Contraditório? Talvez. Para mim, fazia mais sentido do que os dias que atravessavam a minha vida sem que eu pudesse vê-los. Perdera a noção do tempo há muito tempo atrás.

Seria mesmo tanto tempo assim?

Meu corpo e minha mente estavam exaustos, implorando a cada instante por um pouco de descanso, mas eu não podia dormir. Mesmo quando sentia que minhas pálpebras já fechavam-se automaticamente, pesadas demais para que eu pudesse sustentá-las, lutava contra o sono. Os pesadelos que tinha quando me arriscava a dormir haviam me convencido de que o mundo dos sonhos não era um local seguro para mim.

Não que a realidade fosse - a dor que eu sentia todos os dias era tão forte que eu tinha certeza de que estava me matando aos poucos. Parte por parte. Aquela dor levava embora tudo que eu tinha e o que eu era como se soubesse que eu não tinha força suficiente para resistir. Talvez soubesse.

Passara algum tempo ouvindo todos ao meu redor dizerem que o tempo faria a tristeza ir embora e a dor passar, mas não era alívia o que eu sentia. A dor não parecia menor ou mais distante. A ferida não parecia mais perto de cicatrizar do que estava antes. E as pessoas ao meu redor já não se incomodavam mais em me dizer que o tempo curaria tudo - talvez pensassem que eu já havia me curado... Talvez estivessem cansados de repetir... Talvez não houvesse mais ninguém ao meu redor.

Teria passado tanto tempo assim?

Abracei os meus joelhos, puxando-os para que ficassem em frente ao meu peito de forma protetora - tentava proteger os pedacinhos restantes do meu coração. Eram tão pequenos que eu tinha certeza de que não seria capaz de encontrá-los caso eles caíssem.

Fechei os olhos, lutando contra a dor em meu peito, mas nada conseguia impedir que aquelas memórias viessem à tona. Mesmo que eu tentasse trancá-las em algum lugar distante do meu subconsciente, elas voltavam a me torturar em intervalos regulares - e frustrantemente curtos.

Seus olhos apavorados ainda pareciam grudados aos meus, assim como o cheiro de fumaça ainda parecia pairar no ar ao meu redor. Ainda podia ver todas as cores do arco-íris girando ao nosso redor com uma velocidade impossível e fundindo-se... Todas elas tornando-se preto - com alguns borrões vermelhos.

Ainda podia sentir os impactos em meu corpo, a dor espalhando-se lentamente, como um animal que, coberto pelo manto da noite, rasteja aos poucos para fora da sua toca... Ainda podia sentir a minha consciência afundando aos poucos, cedendo lugar a um escuro vazio e silencioso que me puxava para a inconsciência.

Ainda podia sentir o calor do seu corpo agarrado firmemente ao meu, suas lágrimas salgadas tocando suavemente os meus lábios, trazendo consigo o gosto do desespero, e sua voz sussurrando freneticamente ao pé do meu ouvido "Não me deixe. Por favor, por favor, eu te amo, não vá embora".

Ainda podia sentir minhas forças se esvaindo aos poucos, a luta terminando... A escuridão vencendo a batalha e puxando-me para si, carregando-me em seus braços como uma mãe carrega o filho recém-nascido. A escuridão silenciosa ainda estava nítida em minha mente - aquele escuro do qual eu passara a ter tanto medo.

E o gelado do seu corpo em meus braços, seu olhar vidrado, sua pele pálida, seus membros imóveis. Ainda podia ouvir o silêncio em seu peito, aquela maldita serenidade repousando em sua face, a ausência de expressão, emoção.

A escuridão levara você de mim... Levara você para sempre. E, em troca, me dera o vazio. O vazio que era tudo que me restara desde que você se fora. O vazio e as lembranças...

Seu perfume doce, seu sorriso suave... O beijo que eu depositara em seus lábios frios, esperando que você o levasse consigo para onde quer que estivesse indo.

O beijo com gosto amargo - gosto de despedida.

-x- Desculpem o sumiço. Viajei para o interior e passei alguns dias sem internet. Voltei na terça-feira, mas a inspiração para postar parecia ter evaporado. Depois de muita luta, consegui escrever esse conto e é com ele que deixo vocês hoje. Obrigada pelos comentários e pelo carinho. =)